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Uma reflexão independente sobre a mídia.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Trivial (?) variado. Do jornal O Globo, edição impressa de 16/01/2016.

O noticiário sai às ruas, religiosamente, todos os dias. Pelo ar - em rádio e televisão -, nas bancas de jornais e revistas, e na internet.

Este escriba adverte: uma leitura detida e um 'clipping' abrangente podem fazer (muito) mal à saúde.

Aos meus destaques do sábado, 16 de janeiro de 2016, na edição impressa do jornal O Globo, que assino:

(1)



A primeira parada não poderia deixar de ser a propaganda - em página inteira (não foi possível reproduzi-la aqui) - do Museu do Amanhã, assinada pela prefeitura do Rio de Janeiro, pela Fundação Roberto Marinho e pelo Santander - este, qualificado patrocinador máster (sic). A chamada explica o porquê do novo espaço (sim, espaço... e vazio, sem acervo - talvez só o da Globo News) cultural da cidade chegou à marca de 100.000 em 17 dias de vida:

'Diferentes personalidades, uma a cada semana, todas emprestando suas opiniões sobre como o Museu pode ajudar na construção do Amanhã'.

Quer dizer; enquanto (anteontem) o Jardim Zoológico - um patrimônio carioca desde 1888 - era interditado pelo IBAMA sem data prevista para reabertura, o novo espaço goza de generosa campanha publicitária, não só no principal veículo de comunicação do Grupo Globo, mas também em suas emissoras abertas e fechadas de televisão, além das de rádio - AM e FM. Uma verdadeira ode ao poder da comunicação de massa no país de marco regulatório aposentado, pois que datado de 1962...

Um must!    

Ver também, a respeito:

LINK (da mesma matéria no Extra) - http://extra.globo.com/noticias/rio/deu-zebra-promotora-quer-indiciamento-de-secretario-dirigentes-da-rio-zoo-18487358.html

(2)



Reportagem da série 'escândalos em série' revela que Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, preso no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, fez 'contatos com 93 agentes públicos - ministros, senadores, deputados, prefeitos e governadores de 15 partidos: PT, PMDB, PSDB, PP, PSD, PR, PRB, DEM, SD, PTB, PROS, PSB, PDT, PC do B e PV'.

Imaginemos a rede de lobbying só desta empreiteira, movimentada para dar curso às negociações que o próprio líder da empresa tocava, no Brasil inteiro. Um verdadeiro batalhão de intermediários, pau-mandados, 'aspones', 'portadores', ajudantes-de-ordens - de norte a sul do país (e no exterior) - para operar todo tipo de "operação" necessária a fazer fluir dinheiro escuso para partidos e políticos 'profissionais' - nas obras de estradas no continente africano, usinas hidrelétricas na Amazônia, redes de transmissão de energia no nordeste, ferrovias no centro-oeste, trens e metrôs da região sudeste, portos e aeroportos no sul do país. Com base na pesquisa 'Leitura Informal do Discurso Institucional dos Partidos Políticos Brasileiros', realizada pelo Observatório da Comunicação Institucional em 2014, pode-se concluir que nem uma das nossas 32 (de então; hoje já são 35) deixa de beneficiar-se do mesmo 'esquema'. Mudam os atores, mas a ópera é a mesma.

Claro está que trata-se de um modus operandi construído ao longo de muitos anos - incluindo aí o período da ditadura civil-militar. Como um câncer em franca metástase, o esquema não teve qualquer limite para sua expansão, condenando o Brasil - em conjunto com todas as outras empreiteiras (usuárias das mesmas nefastas) - ao primeiro lugar indiscutível da corrupção mundial.

LINK - http://oglobo.globo.com/brasil/mensagens-mostram-pautas-de-interesse-da-oas-com-lula-18487437

Na Veja desta semana, o senador (pelo PDT) Cristovam Buarque bem resume: 'Os partidos perderam o prazo de validade. Era preciso acabar com todos os partidos que estão aí, declarar uma moratória partidária de seis meses e criar novos partidos com outros quadros, que prezem a ética e a ideologia partidária. Tanto o PT quanto o PSDB representam um modelo fracassado de país'.

(3)  



Já objeto deste escriba, a 'operação' que resultou na construção das torres (batizadas sugestivamente de 'Centro Empresarial Senado'), da construtora WTorre, é outro rol de ilegalidades e tráfico de influência. 

Construídas onde - com aquele porte -  nunca poderiam ter sido, na rua Henrique Valadares número 28 - e a vizinhança (com rachaduras no solo e paredes) bem pode explicar porque - destinavam à Petrobras (aliás, todo mundo se refere aos prédios como 'da Petrobras') um dos maiores contratos de locação do país. 

É isso mesmo que você leu: ganhou-se dinheiro oficial - barato - emprestado para construir um prédio que se destina a ser alugado - caro - ao Governo, com todas as garantias contra inadimplência e eventual prejuízo mesmo em função de oscilações - para baixo - do mercado de locação. 

Ora, por que não construir mais um escritório próprio para a companhia? Sairia pelo menos ao mesmo custo. Ah... não... afinal... estávamos em plena euforia de petróleo a 100 dólares o barril (hoje o mesmo barril está cotado a menos de 30 dólares)... E seria um ativo, não uma fonte de custos. 

Hoje, aliás, está na justiça um 'reajuste' do milionário aluguel (no contrato há também uma cláusula que proíbe que seja descontado do aluguel qualquer multa relativa a atrasos na conclusão de obras... que, aliás, atrasaram)... 

O que a matéria não conta - curiosamente - é que há as digitais do arrecadador de campanha de Dilma Rousseff, Antonio Palocci, em 2010, no negócio. À época, o ex-ministro embolsou cerca de 20 milhões de reais de 'consultoria' à WTorre que, está lá, segundo a delação premiada de Nestor Cerveró '... o então presidente Lula teria pressionado para que a empresa Walter Torre fosse escolhida para construir e alugar o prédio que abrigaria funcionários da estatal no Rio, em 2008'.

(4)



Público... mas de uso exclusivo. Auditoria revela que Hospital Rocha Faria tem ambulatório só para servidores - e seus parentes - da Unidade. Imagem: Alexandre Cassiano (O Globo).

LINK - http://oglobo.globo.com/rio/rocha-faria-tem-ambulatorio-so-para-servidores-da-unidade-18487936

(5) 



Dengue bate recorde em 2015, que teve 1,6 milhão de casos. Ministro (aquele que 'torce' para que as mulheres sejam infectadas pelo vírus antes de engravidar) promete vacina contra zika, mas Butantan frisa que produção não começa antes de três anos.

LINK (da mesma matéria no G1) - http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/01/pais-teve-16-milhao-de-casos-de-dengue-em-2015.html

(6) 
E o enigma do mercado editorial brasileiro se mostra um pouquinho neste texto de Luís Antonio Torelli (presidente da Câmara Brasileira do Livro), publicado na página de Opinião d'O Globo (P. 17).

É o que este escriba já sinalizou, no passado: se não houver mais 'compras governamentais' de livros didáticos no país (da União, de estados e de municípios), algo na casa (por livre estimativa - pois não há transparência de dados) dos 200 milhões de exemplares/ano, 90% dos livros publicados por selos 'charmosos', segmentados, cult, (quase todos afiliados a/controlados pelos grandes grupos editoriais presentes 'na fita' dos livros didáticos) que pululam nas abarrotadas mega stores simplesnente deixarão de existir.

Fazendo uso do jus sperniandis, o chefe da indústria - no momento - faz seu manifesto 'intitulado ao contrário' da tese. Tem estilo, il capo.

LINK - http://oglobo.globo.com/opiniao/prioridade-para-livro-18485947

(7)



BRASIL: plano inclinado à ré.

Desemprego no país sobe a 9% - o maior da pesquisa. Analistas preveem taxa média de 10,5% no ano.

Uma lástima!

Há cem anos, a Argentina era o quinto país do mundo. Não em PIB, mas em indicadores de civilização. Visite-se o país hermano hoje. E o visitante constatará que é possível, sim, 'andar para trás'. 

Preparemo-nos, já estamos no segundo ano à ré. E acelerando. Não à toa a revista The Economist publicou no final de 2015 a seguinte manchete: 'O Brasil está no fundo do poço. E cavando'.

LINK (para o mesmo tema, publicado pelo jornal gaúcho Zero Hora) - http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/01/mais-de-2-5-milhoes-entram-na-fila-do-desemprego-e-crise-empurra-trabalhadores-para-informalidade-4952586.html

(8)



Quem quer ser refugiado na Suíça?

'De acordo com a porta-voz, o governo suíço oferece mensalmente 1.500 francos (R$ 6.045) a cada refugiado para ajudá-los com seus gastos, mas os custos verdadeiros são, em diversos casos, muito superiores a este valor...'. (P. 26). Não foi possível obter 'link' para esta matéria.

(9) 



Dilema editorial.

Debate sobre a publicação de 'Minha luta', de Adolf Hitler, em domínio público desde primeiro de janeiro deste ano, chega ao Brasil com duas novas edições, só uma delas comentada.

Quanto ao relançamento da obra, estou de acordo com a posição expressada pelo Prof. Francisco Carlos Teixeira da Silva, hoje professor visitante na Universidade Livre de Berlim, na matéria d'O Globo (P. 1 - Segundo Caderno):

— Trata-se de um livro de propaganda nazista, sem valor filosófico, histórico nem biográfico, já que Hitler mentiu ali. A única forma pedagógica de expor o nazismo é pelos seus resultados, não pelas suas promessas. E o livro são as suas promessas — diz o historiador. — O livro foi utilizado como um manual de doutrinação e voltará a ser. Estamos num momento de ódio ao outro na sociedade, de ódio ao diferente. É só ver o parlamento brasileiro. A publicação dessa obra vai favorecer enormemente a expansão da ideologia nazista e a reorganização desses grupos no mundo.

LINK - http://oglobo.globo.com/cultura/livros/debate-sobre-publicacao-de-minha-luta-de-adolf-hitler-chega-ao-brasil-18482674 

(10) 



Fim de férias. Por Marcio Tavares D'Amaral.

O - ótimo - texto deste meu professor (no mestrado da ECO/UFRJ) é o único edificante entre 10 aqui listados. E faz uma interessante reflexão sobre ócio, negócio, e o duro trabalho - mental - da Filosofia.

LINK - http://oglobo.globo.com/cultura/fim-de-ferias-18485771
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